Quando das primeiras cerimónias das Comemorações Centenárias em 1940, foi içada no Castelo de Guimarães uma Bandeira com uma cruz azul sobre fundo branco bandeira esta que se designou por “Bandeira da Fundação”. A escolha foi acertada e feliz. Na verdade, as armas do Conde D. Henrique – a cruz de azul em campo de prata – que, tudo leva a crer, seu filho D. Afonso Henriques, também usou no início da sua carreira militar, estavam naturalmente indicadas para a representação do Condado Portucalense e das primeiras lutas pela Independência.
Um breve resumo histórico facilitará a compreensão destas afirmações.
Cerca de 1072, D. Afonso VI conseguiu reunir sob o seu cetro os reinos de Leão, Castela e Galiza e restabelecer a grande monarquia de seu pai Fernando I e, no prosseguimento das suas lutas contra os mouros, alargou os territórios, conseguindo para o reino da Galiza, atingir a foz do Tejo com a conquista de Santarém, Lisboa e Sintra em 1093.
Entretanto, em 1901, o rei casou sua filha legítima, D. Urraca, com Raimundo, filho de Guilherme de Borgonha, a quem conferiu o governo da Galiza, abrangendo todas as terras conquistadas a ocidente. Entre os diversos territórios que constituíam o reino da Galiza figuravam os condados de Coimbra e de Braga, o território portucalense e as terras conquistadas ao sul, estas últimas sob administração de Soeiro Mendes.
Em fins de 1094 aparece governando Braga um primo de Raimundo, D. Henrique, neto de Roberto o Idoso de França, que Afonso VI casara com sua filha ilegítima D. Teresa. Em 1096 já o Conde D. Henrique governava Braga e Coimbra e em 1097 todo o território do Minho ao Tejo sob a denominação de Condado Portucalense então directamente subordinado ao rei D. Afonso VI.
Perdida Lisboa, que os mouros tinham reconquistado de 1095, o Condado atingia ao sul Santarém. Ao contrário do que se verificara até então no governo dos condados, o do Conde D. Henrique passou a ser hereditário.
Morre D. Afonso VI em 1109 e sucede-lhe no trono sua filha D. Urraca, que enviuvara de Raimundo dois anos antes, e cerca de cinco anos depois, em 1114, morre em Astorga o Conde D. Henrique, ficando no governo do Condado D. Teresa, por virtude da menoridade de seu filho, Afonso Henriques. Já então os limites ao sul tinham sido modificados com a reconquista de Santarém pelos mouros em 1111.
D. Teresa aproveita as oportunidades das lutas intestinas de sua irmã para tentar destruir os laços que a uniam a Leão e Castela e de tal forma de houve que, e, 1117, o Condado era designado como reino embora a vassalagem nunca tivesse chegado a ser quebrada.
Quando em 1126 sucede a D. Urraca seu filho D. Afonso VII, este procura forçar primeiro a tia e depois o primo – que entretanto se apoderara do governo do Condado após a Batalha de S. Mamede (1128), - a prestar-lhe vassalagem que considerava devida.
D. Afonso Henriques, aos catorze anos, arma-se a si próprio cavaleiro na Sé de Zamora, como era uso entre os reis e, em lutas constantes que se prolongam por cerca de 10 anos, consegue finalmente o reconhecimento da Independência na Conferência de Zamora em 1147.
Ao mesmo tempo que lutava para alcançar a Independência, não abandonava D. Afonso Henriques as suas pretensões de reconquista as mouros do território por estes ocupado. Entre as lutas travadas com os mouros uma referência especial merece a chamada Batalha de Ourique, e, 1139, pois tudo leva a crer ter sido após essa batalha que o nosso primeiro Rei modificou as suas armas.
Mas, a bandeira que se alçou em Cerneja, e em tantos outros recontros foi, sem dúvida, a que representava as armas de seu pai, o Conde D. Henrique, a cruz de azul em campo de prata, - a “Bandeira da Fundação”.
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