Muitos portugueses parecem partilhar do
mesmo sentimento de Álvaro de Campos, expresso nestes versos: “Pertenço a um
género de portugueses / Que depois de estar a Índia descoberta / Ficaram sem
trabalho". Sentimos com efeito que nos falta um desígnio colectivo, a comunhão
de um ideal e de um objectivo comum, que faça da sociedade portuguesa mais do
que uma soma caótica de indivíduos e grupos com interesses antagónicos em
disputa contínua. Falta um desígnio e uma comunhão de princípios, valores e
objectivos que faça de Portugal uma verdadeira comunidade. Após a fundação e a
expansão territorial, após a aventura marítima e o fascínio de África, do
Oriente e do Brasil, com os seus ambíguos resultados, após a crescente desilusão
do fictício El Dorado europeu, sente-se cada vez mais que Portugal é uma nau
errante, ao sabor dos ventos e marés da economia e à mercê da pirataria
financeira internacional. E o português definha na "apagada e vil tristeza" de
que falou Camões, sem horizonte de futuro e golpe de asa para nele se lançar,
sem aquela motivação de um grande desafio que o leve a transcender-se e a dar o
seu melhor a uma causa generosa, como aconteceu quando da solidariedade com
Timor.
Esse desígnio e esse desafio, essa comunhão que nos devolva o sentimento de pertença a um destino comum, com princípios, valores e objectivos partilhados, não pode hoje vir dos canais tradicionais, em franca decadência, seja o Estado, a Igreja, a família ou a escola. Tem de ser toda a sociedade, desperta pelos indivíduos, grupos, associações e forças mais conscientes, a mobilizar-se para repensar o sentido da nossa existência colectiva e histórica como nação. Creio que, perante os desafios do nosso tempo, perante os riscos de colapso económico-financeiro, social e ecológico, o grande desígnio só pode ser o de promover uma cultura da paz e da solidariedade global e integral, que abranja o homem, os seres vivos e toda a Terra. Perante a crescente abdicação do Estado português diante da banca e da finança internacional, tem de ser a sociedade civil a organizar-se autonomamente mediante uma coordenação das associações de voluntários que se dedicam desinteressadamente a cuidar do outro, seja o homem, o animal ou o planeta. Estas associações e todos os indivíduos movidos pelo altruísmo solidário são o que há de mais são em Portugal e só deles pode vir uma reorganização do país com o supremo desígnio do bem comum. Há que ver que todos os que se dedicam ao apoio e solidariedade social, à protecção dos animais, das minorias e dos sectores mais desfavorecidos da população, à busca de alternativas espirituais, culturais, terapêuticas, económicas e ecológicas, estão a caminhar no mesmo rumo, o de uma nova civilização, mais consciente, sã e ética.
Seria precioso que essas pessoas e associações dessem as mãos e concertassem esforços, constituindo-se como uma força social alternativa ao Estado, ao Governo e aos organismos públicos, dominados por uma classe política e administrativa da qual já se viu nada haver a esperar senão o pior. Isso seria o equivalente a uns novos Descobrimentos, só que desta vez no nosso território e dentro de nós mesmos, sem violentar nem explorar ninguém.
Quando isso acontecer, poderemos comemorar no 10 de Junho não o Portugal passado, mas o outro Portugal que no presente já antecipa um futuro melhor para todos.
Esse desígnio e esse desafio, essa comunhão que nos devolva o sentimento de pertença a um destino comum, com princípios, valores e objectivos partilhados, não pode hoje vir dos canais tradicionais, em franca decadência, seja o Estado, a Igreja, a família ou a escola. Tem de ser toda a sociedade, desperta pelos indivíduos, grupos, associações e forças mais conscientes, a mobilizar-se para repensar o sentido da nossa existência colectiva e histórica como nação. Creio que, perante os desafios do nosso tempo, perante os riscos de colapso económico-financeiro, social e ecológico, o grande desígnio só pode ser o de promover uma cultura da paz e da solidariedade global e integral, que abranja o homem, os seres vivos e toda a Terra. Perante a crescente abdicação do Estado português diante da banca e da finança internacional, tem de ser a sociedade civil a organizar-se autonomamente mediante uma coordenação das associações de voluntários que se dedicam desinteressadamente a cuidar do outro, seja o homem, o animal ou o planeta. Estas associações e todos os indivíduos movidos pelo altruísmo solidário são o que há de mais são em Portugal e só deles pode vir uma reorganização do país com o supremo desígnio do bem comum. Há que ver que todos os que se dedicam ao apoio e solidariedade social, à protecção dos animais, das minorias e dos sectores mais desfavorecidos da população, à busca de alternativas espirituais, culturais, terapêuticas, económicas e ecológicas, estão a caminhar no mesmo rumo, o de uma nova civilização, mais consciente, sã e ética.
Seria precioso que essas pessoas e associações dessem as mãos e concertassem esforços, constituindo-se como uma força social alternativa ao Estado, ao Governo e aos organismos públicos, dominados por uma classe política e administrativa da qual já se viu nada haver a esperar senão o pior. Isso seria o equivalente a uns novos Descobrimentos, só que desta vez no nosso território e dentro de nós mesmos, sem violentar nem explorar ninguém.
Quando isso acontecer, poderemos comemorar no 10 de Junho não o Portugal passado, mas o outro Portugal que no presente já antecipa um futuro melhor para todos.
Sem comentários:
Enviar um comentário