"Notamos que, desde 1912, nos ensaios sobre a “nova poesia portuguesa” que antec...ipam programaticamente a Mensagem e anunciam o “supra-Camões” e a superação da épica camoniana, Pessoa proclama como “missão” actual dos portugueses “criar o supra-Portugal de amanhã” , que na sua visão “a Pátria Portuguesa, como qualquer pátria, é apenas um meio de criar uma civilização” e que essa civilização, da qual Portugal é mediador, assenta num novo paradigma, transcendente e inclusivo de todas as antinomias e cosmovisões anteriores, que Pessoa vê já presente na poesia portuguesa que vem de Antero de Quental até Teixeira de Pascoaes e aos seus continuadores. Designado em 1912 como “transcendentalismo panteísta” e metamorfoseado em 1923 no “sermos tudo” ou no “Ser tudo, de todas as maneiras, porque a verdade não pode estar em faltar ainda alguma cousa!”, como resposta a uma pergunta sobre “o futuro da raça portuguesa”, Pessoa torna claro que esse paradigma é o da totalidade e que a sua visão do sentido de Portugal é o de convergir para a superação da Portugalidade numa visão-experiência do mundo que transcenda toda a parcialidade e limitação identitária pessoal, nacional e religiosa – “Quem, que seja português, pode viver a estreiteza de uma só personalidade, de uma só nação, de uma só fé?” - num estado pleno, integral e universal de consciência, holístico, que por natureza é a vocação suprema de todos os humanos e a todos igualmente acessível"
- Paulo Borges, excerto da Introdução a "É a Hora! A mensagem da Mensagem de Fernando Pessoa" (a sair em Outubro de 2013).
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