Meditação por Portugal

Ao Encontro da Alma Luzitana

Vamos postar aqui todos os contributos que vão sendo postados no facebock no grupo da meditação.

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BEM VINDOS

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sábado, 17 de agosto de 2013

"Portugal é o último reduto da força espiritual templária que, através da Ordem de Cristo e de algumas personagens que renascem em diferentes gerações se tem mantido, mas Portugal tem potencial para, de repente, numa só geração, produzir suficientes homens iniciados com capacidade de endireitar o mundo."

in "Ser Português", Rainer Daehnhardt
O PARADOXO PORTUGUÊS, O GENE LUSO E A DIÁSPORA
No inconsciente colectivo do povo português mesclam-se dois sentimentos antagónicos: o de sermos herdeiros ou descendentes de um passado histórico glorioso e o de estarmos atolados desde há séculos num ambiente de mediocridade a vários níveis. Daí os poucos altos e os muitos baixos (em termos de auto-estima) em que nos encontramos quando vivemos, por necessidade ou conformismo, alapados no pequeno rectângulo do ocidente europeu.

Só que o gene luso fala mais alto do que os murmúrios amargos do português mediano e conformado. E é este gene luso que, sentindo-se atrofiado perante tão redutoras perspectivas de vida e horizontes tão curtos, reage heroicamente, lançando-se na grande aventura da descoberta de novas terras e oportunidades, fazendo jus à memória dos seus ilustres antepassados.

Nós somos, se calhar, a própria encarnação do paradoxo. Senão vejamos: eu, quanto mais e melhor conheço os Portugueses, mais gosto deles. Isto poderá parecer, no mínimo, narcisismo e, no máximo, uma tendência xenófoba e chauvinista. Mas não! Aprecio-os e valorizo-os precisamente pela sua capacidade inata de integrar e de se integrarem no meio que os rodeia de forma pacífica e tolerante. Por outro lado, não conheço outro povo que trate tão bem, ou melhor, os estrangeiros do que a si próprio. Eis aqui a antítese do xenofobismo levada ao extremo. E, no entanto, paradoxalmente, crê numa Missão de que é um dos principais protagonistas e que alguns confundem com messianismo, mas que, na verdade, é universalista.

A mentalidade redutora e submissa a interesses materializantes e apátridas desde há décadas e um espaço geográfico reduzido levaram o gene luso a expan- dir-se pelos quatro cantos do orbe terrestre, deixando a sua semente um pouco por toda a parte e “inventando” a verdadeira globalização, assente nos valores da fraternidade entre os povos. É uma recriação, num outro plano, da aventura das Descobertas em que o poderoso gene luso foi indelevelmente plantado num grande abraço de compreensão e respeito mútuos em povos e raças tão díspares entre si, desde a Ásia às Américas e da África à Oceania.

O palpitar da Lusitanidade sente-se naqueles que, estando distantes da Pátria-Mãe, não deixam de ter orgulho em falar e, diria mesmo, em ostentar o nome de Portugal. E isso porque se identificam com os valores, a história e as tradições do nosso País. Têm uma percepção grandiosa do mesmo. À distância tem-se uma visão mais global e unificadora. As pequenas coisas, os actos mesquinhos reduzem-se a pouco mais que nada; pelo contrário, as grandes coisas, os grandes feitos, as qualidades intrínsecas ao povo sobressaem como fachos luminosos que incendeiam o nosso ser e elevam até ao infinito os nossos corações (outro símbolo de Portugal) e a nossa auto-estima, enchendo-nos de entusiasmo e de motivação indomável para fazer obra e, quando a consciência desperta, participar na realização da Grande Obra.

O gene luso, espalhado pelo mundo, ao contrário do que sucede no Portugal europeu, está mais vivo e compreende melhor o que é a Pátria e a missão a ela inerente, talvez devido à dor da ausência que desperta sentimentos olvidados e à própria “fibra” que caracteriza os pioneiros e os aventureiros do mais além... A capacidade de união da diáspora lusa é natural e bem maior do que na Metrópole e o seu entusiasmo e convicção só aguardam o grande Apelo que terá de partir da Pátria-Mãe.

Com as Forças Vivas que representam a sua diáspora no mundo, Portugal reúne todas as condições para iniciar o árduo e glorioso trabalho da construção do Quinto Império, já que a sua hora soou no relógio da História, como iremos comprovar em breve. Só falta soar o clarim!
Eduardo Amarante

Ilustração: Óleo de Mestre Carlos Alberto Santos

http://www.eduardoamarantesantos.blogspot.pt/
Portugal, é possivelmente o país mais rico da UE, na sua dimensão, e é levado à ruína pelos seus governantes.
A maior parte dos portugueses desconhece que o seu “pobre” país possuí:
- A maior Zona Económica Exclusiva da UE, que é tão grande como todo o continente europeu.
- 80% de solo arável, mas está quase em completo abandono.
- Invejável rede hidrográfica a nível mundial....
- Grandes reservas de água doce, em aquíferos subterrâneos, quase inesgotáveis.
- As maiores reservas de ferro, da UE, de excelente qualidade.
- As maiores reservas de cobre da Europa (segundas do mundo).
- As maiores reservas de tungsténio (volfrâmio) da Europa.
- As maiores reservas de lítio da Europa.
- As maiores reservas de terras raras.
- As segundas maiores reservas de urânio da Europa.
- Grandes reservas mineiras de ouro, prata e platina.
- Grandes reservas de carvão mineral de excelente qualidade.
- E as incomensuráveis riquezas que as águas do Atlântico escondem.
- Uma das maiores reservas de petróleo da Europa ,que já vão ser exploradas na costa do Algarve, por companhias alemães e espanhola. Vão pagar a Portugal apenas 20 centimos por barril, enquanto ele já passou à muito tempo os 100 dólares por barril.
-Reservas de gás natural e de gisto, que dá para Portugal pelo menos para 100 anos sem precisar de ninguém.
OS TEMPLÁRIOS E A DESCOBERTA DO BRASIL
"Os templários conheciam muito bem a existência de um continente americano, e os navios portugueses da Ordem de Cristo dispunham de instruções secretas de navegação que lhes possibilitava alcançá-lo bem antes da descoberta oficial da América por Cristóvão Colombo em 1492, como é demonstrado pelo Almirante Gago Coutinho a respeito da descoberta do Brasil antes do ano de 1488." - Eduardo Amarante

"TEMPLÁRIOS, Vol 3 - A Perseguição e a Política de Sigilo de Portugal: a Missão Marítima"", Eduardo Amarante
OS PORTUGUESES ANTECIPARAM-SE AOS INGLESES EM MAIS DE 250 ANOS NA DESCOBERTA DA AUSTRÁLIA!

“Os Portugueses, que foram os primeiros a descobrir estes mares, tinham perfeita consciência de que as costas que tinham traçado estavam mais para leste, e se as arrastaram para fora da sua posição colocando-as sob Java, foi com o intuito de garantirem para si a parte de leão, pois a sua linha de demarcação (Tratado de Tordesilhas), fixada pelo Papa Alexandre, não se estendia muito além da costa leste de Timor.

Um piloto espanhol chamado Juan Gaetan, esteve a bordo de barcos portugueses por onde navegou por todos os mares do norte da Austrália e registou as seguintes observações em relação aos mapas portugueses. Diz ele: “Eu vi e sabia de todos os seus mapas. Estavam todos astuciosamente falsificados, com longitudes e latitudes distorcidas e as características das terras desenhadas em locais longínquos para servirem os seus propósitos, etc.”

in "Segredos da Descoberta da Austrália pelos Portugueses", Rainer Daehnhardt
A SIMBOLOGIA DO CASTELO DE TOMAR
"Este castelo, para além de possuir um significado simbólico é possuidor, igualmente, de um profundo significado astrológico. Se focarmos mais a nossa atenção neste monumento, observamos que a charola (nave) octogonal, unida em linhas rectas às torres da fortaleza, assinala as posições das constelações-chave no firmamento. Assim sendo, o castelo de Tomar transforma-se num autêntico observatório astronómico, à semelhança das pedras colossais em formas circulares, obedecendo a um mapa estelar que os nossos antepassados erigiram há milhares de anos.

O castelo de Tomar configura espacialmente a forma de uma barca. E esta forma está desenhada à imagem da constelação do Boieiro, de que faz parte a principal estrela, Arcturo (Artur). Esta associação indicia a relação existente entre os cavaleiros templários e a tradição do mito do rei Artur. Se tivermos em conta o que o mito trinitário (Távola Redonda, Camelot e Rei A...rtur – a que não está dissociado a lendária espada Excalibur) significa no contexto da construção de um mundo melhor governado sob a liderança de um monarca universal, entenderemos a clara mensagem do sistema político- -religioso que a Ordem do Templo pretendia ver instaurado no mundo.

Assim, a mensagem que deixaram ao mundo alicerça-se na fundação de um Império na Terra (o Quinto) alicerçado no Espírito (Espírito Santo), que vive no interior de cada homem, onde os valores espirituais devem predominar sobre os materiais. Essa supremacia, porém, não implica a impossibilidade de se concretizar materialmente esse objectivo. Os cavaleiros templários, sobretudo a sua estrutura mais interna (que não era visível), tinham plena consciência de que para realizar este projecto universalista seria necessária uma sólida estrutura material, embora os valores que norteassem essa acção fossem de cunho espiritual." - Eduardo Amarante

"TEMPLÁRIOS, Vol 3 - A Perseguição e a Política de Sigilo de Portugal: a Missão Marítima"", Eduardo Amarante

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Em 1416, o Infante D. Henrique dividia o seu tempo entre o castelo de Tomar, sede da Ordem, e a vila de Lagos, no Algarve. Em Tomar, administrava as finanças, a diplomacia e a carreira dos pilotos iniciados nos segredos do empreendimento marítimo. Inclusivamente, o castelo era um cofre de recursos e de informações secretas. Por sua vez, Lagos e a Vila do Infante , junto a Sagres, funcionavam como escola e base naval.

Assim, o Infante D. Henrique viveu tanto em Sagres como em Tomar, preparando-se espiritualmente para a grande gesta das Descobertas. Nesta cidade teve início uma das maiores aventuras da humanidade, a fazermos fé no que disse o ilustre historiador Arnold Toynbee:
“Depois de Cristo, o maior acontecimento da História são as Descobertas.”

Essa aventura encontra na mística e no culto do Espírito Santo uma das suas mais fortes razões de ser. Como diz Anselmo Borges:
“Ora, na génese da aventura marítima não estão razões apenas de ordem material. É que, se estas são as mais urgentes, não são as fundamentais. Sem a mística e o culto do Espírito Santo, os Descobrimentos não têm plena inteligibilidade.”

Foi em Tomar que o Infante D. Henrique concebeu e amadureceu a ideia das explorações marítimas. Aí teve início a gesta náutica que levou as caravelas portuguesas “por mares nunca dantes navegados”, ostentando nas suas velas o símbolo da Ordem de Cristo. Como afirma Amorim Rosa:
“Se Sagres foi a mão que lançou ao mar as caravelas das Descobertas, Tomar foi o cérebro que organizou as expedições e o alfobre de onde saíram os primeiros capitães das naus. E a Ordem de Cristo foi a fonte de onde jorrou todo o oiro necessário para alimentar tão grande empresa.”

Em Tomar, o Infante D. Henrique mandou “cada semana, ao sábado, por sempre em minha vida e depois da minha morte dizer uma missa de Santa Maria, e a comemoração seja do Espírito Santo.” - Eduardo Amarante

"TEMPLÁRIOS, Vol 3 - A Perseguição e a Política de Sigilo de Portugal: a Missão Marítima"", Eduardo Amarante

 
  • Isaura França “Depois de Cristo, o maior acontecimento da História são as Descobertas.”
  • SAGRES, A ESCOLA DA CRUZADA MARÍTIMA
    "O cabo de S. Vicente/Sagres tornou-se o refúgio do Infante, e uma casa modesta na aldeia da Raposeira, a pouca distância dali, era o local aonde se dirigia para estudar e meditar.

    Heródoto, há mais de dois mil anos, escreveu que:
    “O mar para além das colunas de Hércules que se chama o Atlântico, e o Eritreu são todos um e o mesmo mar… Quanto à Líbia, sabemos que é banhada por todos os lados pelo mar, excepto naquele em que liga à Ásia.”...

    Foi de Sagres que partiram as primeiras naus dos Descobrimentos. Não terá aí existido uma Escola de navegação no seu sentido mais científico, mas antes um centro de reunião onde se estudava matemática, geografia, astronomia e ciências naturais. Aí eram estudados e analisados todos os conhecimentos e informações que se mostrassem proveitosos para a prossecução das viagens marítimas. Por outro lado, as experiências colhidas nas diversas fases da navegação marítima, bem como as explorações efectuadas no interior das terras africanas onde se descobriram novas condições de vida e uma flora e fauna exóticas, eram observadas cientificamente em Sagres. Também foi ali que existiu o primeiro observatório astronómico português.

    O Infante faleceu em Novembro de 1460, não chegando a assistir ao triunfo da sua cruzada. Porém, anteviu como Portugal se iria tornar a maior potência marítima do Globo. Entre o lançamento oficial da epopeia marítima e a realização plena do objectivo decorreriam oitenta anos. Só em 1498 é que o cavaleiro-iniciado Vasco da Gama conseguiria chegar por via marítima à Índia." - Eduardo Amarante

    "TEMPLÁRIOS, Vol 3 - A Perseguição e a Política de Sigilo de Portugal: a Missão Marítima"", Eduardo Amarante

    http://www.edicoes-apeiron.blogspot.pt/p/lancamentos.html
    (Achados únicos no Vale do Sabor)

    O Vale do Sabor, em Trás-os-Montes, que até ao final deste ano ficará completamente submerso pela nova barragem da EDP, tem uma galeria de “arte rupestre móvel ao ar livre, do Paleolítico Superior, única em toda a Península Ibérica” – adiantou ao SOL Rita Gaspar, da equipa de arqueólogos que investiga aquela zona há dois anos.

    Esta galeria, acrescenta a investigadora é também a maior do seu género da Europa: "Ao ar livre, apenas foi encontrada, na Alemanha, uma outra semelhante à que descobrimos na foz da ribeira do Medal, mas esta é bastante maior, quer em termos de quantidade quer na qualidade dos achados, e tem muito material arqueológico para ser estudado".

    Ao todo, os investigadores descobriram nesta escavação, com cerca de 900 metros quadrados (dos quais 200 têm vestígios de antigos povoamentos), 300 mil fragmentos de placas do Paleolítico Superior – ou seja, com datação cronológica entre 10 mil e 15 mil anos antes de Cristo. E “cerca de 1.400 são fragmentos de placas de arte móvel”, especifica ainda a arqueóloga Rita Gaspar, do Agrupamento Complementar de Empresas (ACE), formado pela Bento Pedroso Construções e pela Lena Construções, consórcio ao qual a EDP adjudicou a obra da construção da albufeira do Baixo Sabor.

    30 mil anos de ocupação
    As escavações do Baixo Sabor – que já estão encerradas e que não retiraram todos os achados para, como é regra em Arqueologia, deixar “uma reserva para as gerações futuras” – revelaram ainda que “houve uma ocupação permanente do Vale desde há 30 mil anos” e que o sítio do Medal foi importante em toda a região, no que diz respeito à ocupação de comunidades pré-históricas de caçadores-recolectores.
    Segundo explicou Rita Gaspar ao SOL, o Medal é, ao longo de todo o trajecto do rio, o único local que se conhece em que as comunidades do Paleolítico Superior pararam – não só para gravar as rochas, mas também para manter outras actividades, como a caça ou a recolha de alimentos. Nas escavações do Medal, foram encontradas ferramentas, como machados, lanças, cajados e facas, entre outros utensílios de pedra, ossos ou madeira. “Trata-se, sem dúvida, de um povoado onde houve muita actividade”, diz a investigadora.
    Os arqueólogos estão agora a ‘a montar’ a história dos nossos antepassados em laboratório. A expectativa é que “que os milhares de fragmentos já encontrados colem entre si” para poderem ser comparados com as gravuras descobertas no vizinho vale do rio Côa – outro afluente do Douro que, recorde-se, protagonizou a única situação na História de Portugal em que o património cultural impediu a construção de uma barragem.

    Esqueletos humanos em Crestelos
    O sítio de Crestelos, na quinta com o mesmo nome e onde ainda estão a decorrer escavações, é outros dos locais importantes do Vale do Sabor: “Crestelos tem uma ocupação contínua de mais de dois milhões de anos. Aqui descobrimos estruturas da Idade do Ferro e do Bronze, que ainda não foram encontradas noutros locais da região”, salienta Rita Gaspar.
    “De 1.500 anos a.C., ou seja, há cerca de 3.500 anos, encontrámos fossas no chão com enterramentos humanos”, conta a arqueóloga. Trata-se de seis esqueletos, “incluindo um casal, que foi enterrado na mesma fossa”. Esta descoberta “foi muito surpreendente por ser neste tipo de solos, que têm um elevado nível de acidez”.
    Quando começaram os trabalhos de construção da barragem do Baixo Sabor, eram conhecidos apenas 300 sítios arqueológicos, mas com as investigações – que ainda decorrem – o número aumentou para 2.400.
    No último ano, a equipa de arqueologia dedicou-se a perceber a importância destes achados para, em breve, reportar as descobertas ao Governo, desvenda a mesma fonte: “Estamos a compilar toda a informação reunida para depois reportar as nossas descobertas à tutela [Direcção-geral do Património Cultural e à Direcção geral de Cultura do Norte] que decidirá o que fazer com os achados”. A ideia é, à semelhança do que aconteceu no Alqueva, fazer uma monografia, que deverá ser publicada em 2014.
    Por isso, os visitantes que quiserem conhecer um pouco da história do Sabor podem aproveitar os próximos meses. Antes que a zona das escavações seja selada e acabe por ficar debaixo de água.
    sonia.balasteiro@sol.pt

    18 de Julho, 2013por Sónia Balasteiro
    http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=79929
    “…Porque eu sou o fundador e o distribuidor dos impérios do mundo, e em ti, e tua geração, quero fundar para mim um Reino, para cuja indústria será meu nome notificado a gentes estranhas.”
    A DAMA DO SANTO GRAAL
    Isaura França's photo.
    "Quem é esta Maria, conhecida dos primeiros cristãos como a “Madalena”? E como pode ela Ter levado o sangue real para França? Terá o sangue real sido transportado num “vaso de barro”? E o vaso de barro foi uma Mulher? Talvez esta Maria tenha sido a mulher de Jesus e tenha levado o filho dele para a Provença!
    (...)
    A demanda do Santo Graal é um mistério velho de séculos. As pistas que ligam Maria Madalena ao Sangraal das lendas antigas abundam na arte, na literatura e no folclore da Idade Média, assim como em vários acontecimentos da História e das próprias escrituras. Muitas dessas pistas serão discutidas nos capítulos seguintes, numa tentativa de demonstrar que a Noiva de Jesus foi, acidentalmente, deixada de fora da História como resultado de um turbilhão político na província de Israel logo a seguir à crucificação.”...
    (...)
    “O vaso, o cálice que encarna as promessas do Milénio, o “Sangraal” da lenda medieval, era, acredito agora, Maria Madalena.

    A NOIVA PERDIDA

    Falámos de como a fé dos Templários, que celebrava o equilíbrio cósmico entre os opostos, foi inserida nas catedrais. As magníficas “rosáceas” de vitrais são outro exemplo do ressurgimento do feminino entre os desenhadores das igrejas medievais em honra da “Notre Dame”.
    (...)
    Apesar de a veneração da Noiva de Jesus Ter sido oficialmente suprimida pela Igreja Católica, os altares à Virgem Maria continuaram a florescer, atraindo peregrinos de toda a Europa. O culto do feminino consegue atingir a sua apoteose quando Maria foi nomeada Virgem Rainha do Céu. Mas enquanto Virgem Maria, adequadamente, representa o aspecto maternal do feminino, a doutrina da sua perpétua virgindade renega implicitamente o papel de Esposa. Por mais bela que esta mãe seja, é evidente que falta algo muito real e muito precioso na história do Cristianismo. Esse algo é a Noiva.”

    Maria Madalena e o Santo Graal
    de Margaret Starbird

    COMO FILIPE II DE ESPANHA COMPROU PORTUGAL
    "Já se falou na lei de D. Sebastião, permitindo e até facilitando a entrada de moeda espanhola em Portugal. Isto simplificou o caminho a D. Filipe, mas ainda está longe de poder ser considerado uma compra de Portugal. O que se passou foi muito mais grave e andou despercebido da maioria dos historiadores. Trata-se de um decreto-lei passado pelo Cardeal-Rei D. Henrique, onde se mudaram antigas ordens régias estipuladas a respeito dos morgadios...

    Sabia que grande parte dos morgadios de Portugal já se encontravam na posse legal de famílias de origem espanhola antes da entrada do exército do Duque de Alba? O apoio financeiro, logístico e político para a invasão de Portugal por parte de Filipe II de Espanha já se encontrava garantido." - Rainer Daehnhardt

    D. ANTÓNIO I, REI DE PORTUGAL
    (Uma Vida, um Destino)
    OS DRUIDAS NA LUSITÂNIA
    "Na Lusitânia, onde se inclui grande parte do território português, também existiam druidas, os quais, inclusive, faziam muitas referências ao dilúvio universal, falando mesmo de 7 criações e de 7 destruições. Na Serra do Alvão existe uma pedra a que os historiadores chamam “Arca de Noé” que, aliada a inúmeras tradições orais, completa o quadro de referências a um dilúvio ocorrido em tempos imemoriais. Actualmente, esta sabedoria antiga perdeu-se e a nossa visão do mundo, tão materialista e consumista, turva o nosso olhar quando observamos a natureza e o céu, reduzindo toda a ciência a um objectivo de lucro e de benefício imediato.” – Eduardo Amarante

    A Origem de Portugal e a Batalha de Ourique

    POR PORTUGAL

                O Divino Espírito Santo, SantaMaria, S. Miguel, a Paixão de Cristo e Portugal estão intimamente ligados.
                O nome Portugal tem uma origem bemdiferente daquela que a maior parte dos estudiosos tende a indicar. Porque, aosestudiosos com nicho na sociedade, falta muitas vezes a Fé. E a Fé também éconhecimento. Melhor: sem Fé naquilo que se estuda não há conhecimento. E oconhecimento do Sagrado só é desvendado àqueles que O procuram com o amor deuma Fé verdadeira; uma fé sem credo, sem religião oficial, mas vividaintensamente no amor que tudo abrange.
                Dizíamos então que a origem do nomede Portugal não é de Portus Cale nemde outras latinizações mais ou menos na moda dos historiadores dos séculosXVIII em diante, que repudiavam tudo o que lhes soasse a esotérico ou medieval;repudiando assim também todo o intenso misticismo da Idade Média. Eles, que sejulgavam os arautos do conhecimento, os portadores das “luzes” desse mesmoconhecimento estavam, a todos os títulos, a negar esse mesmo conhecimento; ouantes, a separá-lo, escolhendo o de mais baixa estirpe e descartando o de maiornobreza. Por o não conseguirem compreender. Por falta de Fé. Assim, seatentarmos nos selos do nosso primeiro Rei, D. Afonso Henriques, e os virmospara além das mutilações e falsificações que os inquisidores, arquivistas edemais perpetuadores do poder secular lhes infligiram nos séculos seguintes,poderemos compreender que o seu nome primitivo era escrito de duas formas; umaem galaico-português e outra latinizada:

    1º Portugral – de “Por tu gral” ou, em portuguêsmoderno: “Por ti Graal” ou mesmo “Porto do Graal”

    2º Portucalis – ou, noutra forma, “Por tu Calix”: “Porti Cálice” ou “Porto do Cálice”

                O calix ou Cálice é o Graal, o cálice da Eucaristia da última ceia deJesus e onde, segundo a tradição, foi recolhido o seu Sangue. “Aquele que delebeber e for justo terá vida eterna; e àquele que dele beber em impiedade Ele traráa destruição e o lançará no abismo”, diz a tradição, provavelmente muitoanterior ao cristianismo, por incrível que pareça. Mas o Graal é um arquétipo,e a sua forma e qualidades repetem-se por todo o Universo como num jogo deespelhos.

                Alguns autores referem-se ao Graalcomo “pedra filosofal”, ou esmeralda caída dos Céus (lapis excoeli) e trabalhada em cálice, ou como “Sangue Real”,corruptela do francês “Sang Réal” – “Sangral” ou Santo Gral (v. Julius Evola,“O Mistério do Gral”). O “sangue real” seria a descendência sagrada da Casa deDavid, de que Jesus era membro. Alguns vão mesmo ao ponto de afirmar que o“sangue real” seria a descendência hipotética de Jesus de Nazaré. Outrosafirmam que não é sequer um objecto material, ou uma descendência, mas sim umsímbolo, um princípio.


                Nas lendas do Rei Artur, a busca oudemanda do Graal, como objecto ou como princípio, é uma das preocupaçõesdominantes dos cavaleiros da Távola Redonda, para salvar o reino que morriaenquanto Artur definhava com a doença, para repor a bondade, a honra e ajustiça no reino onde ela parecia estar em perigo de se perder para sempre.

                Contudo, no nome de Portugal, Por tuGral ou Portu Cálix, a génese aponta mais para o Graal como cálice, o cálice daEucaristia cristã. Também no seu nome ecoa a ideia de Portugal ser, de certomodo, um “Porto do Graal”, aonde o Sagrado Cálice viria a aportar ao fim de umalonga peregrinação pelo mundo.

                Após vários documentos e tradiçõesque dizem ter sido São Bernardo de Clareval (Clairevaux), monge cisterciense aquem D. Afonso Henriques doou o Mosteiro de Alcobaça, quem, ainda em França,planificou o futuro “Reino do Graal”, com a forma de um rectângulo de ouro (quePortugal continental ainda, grosso modo,mantém) desenhado sobre a “face” ocidental da Península Ibérica, então aindamaioritariamente em mãos sarracenas (ElAndaluz ou El Gherb, como eraconhecida a parte dominada pelos árabes), aparece o ainda mais controverso casodo Milagre de Ourique, que marca quase por Graça Divina o início daNacionalidade.
                O caso é controverso apenas paraaqueles que, como dizíamos no início, não buscam a trama da História com Fé eAmor verdadeiros. Procuram antes “nãoencontrar aquilo que não querem encontrar”, e essa busca negativa dá,evidentemente, os seus frutos negativos.

                Contudo, o que se passou naquelamadrugada e manhã do dia de S. Tiago, 25 de Julho de 1139, na planíciealentejana, próximo da actual povoação de Castro Verde, e na altura conhecidapor “Campos de Ourique” ou de “Oric” (toda a extensão de planície que vai deGrândola a Mértola), estará para sempre envolto nas brumas da lenda. Brumasessas que os “buscadores negativos” cada vez mais adensam. E já aparecem várioslocais que, só por terem o toponímico “Ourique”, são indicados como “lugarescientificamente quase certos” da batalha.

                Quantoà ocorrência da dita batalha, até os citados “buscadores de negações” nãoconseguem opor dúvida. Fica-lhes a tentativa de desmistificação do lugar, daimportância do combate e, principalmente, do chamado “Milagre de Ourique”.
                Mas a tradição popular e a memóriacolectiva das gentes, transportada até hoje pelas Forças Armadas, perpetuam comos seus ecos os ecos da batalha e do acontecimento transcendental de Ourique.

                O local é uma colina a escassosquilómetros a leste de Castro Verde, um lugar chamado S. Pedro das Cabeças.Nessa colina, que ocupa uma posição privilegiada pois domina toda a planície emredor, entre rochedos que se erguem quase como mãos levantadas do solo a orar,foi construída uma capela, muitas vezes destruída e outras tantas levantada, asacralizar um lugar já de si sagrado. Pois Ourique é um dos chakras energéticos de Portugal,correspondente à sephiroth Yesod ouFundação da árvore cabalística hebraica, a qual sephiroth corresponde, por sua vez, a uma das emanações do EspíritoSanto.
                Assim, tudo o que acontece em Ourique– S. Pedro das Cabeças tem uma repercussão imediata, primeiramente em toda aNação e depois em todo o Mundo. E, quando isso acontece – e tem acontecidomuitas vezes – os ditos historiadores e analistas do negativo falam em“coincidências”, que se repetem século após século.

                Perto da capelinha – conta atradição que uma das vezes foi mandada erigir por D. Sebastião, que havia idoem peregrinação ao local – está um monumento comemorativo da batalha, aícolocado pelo Exército Português que, repetindo o exemplo de D. Sebastião, aívai prestar homenagem todos os anos. No monumento, para além da representaçãoda espada do Rei-cavaleiro, estão os versos a ele alusivos da “Mensagem” deFernando Pessoa, que ali encontram uma força e um eco terrivelmente actuais:

                                       Pai, foste cavaleiro.
                                       Hojea vigília é nossa.
                                       Dá-noso exemplo inteiro
                                       Ea tua inteira força!
     
                                       Dá,contra a hora em que, errada,
                                       Novosinfiéis vençam,
                                       Abenção como espada,
                                       Aespada como bênção!”

                Hoje em dia, na imensa planície queparece imutável sob o Sol, para além de alguns curiosos e de uns poucosperegrinos amantes da Pátria e do Graal, apenas o Exército vai em visita eperegrinação regular ao local aonde se travou a sua verdadeira primeirabatalha, em homenagem àquele que foi o seu comandante supremo na Terra. Graçasa Deus que os códigos de honra ainda fazem bater corações.

                Mas, afinal, o que se terá passadopara provocar tanta celeuma, para ser atacado com tanto furor e apenasdefendido na quietude das homenagens periódicas sob o céu da planície?

                D. Afonso Henriques, que ainda nãoera chamado rei pelos seus, fazia regularmente incursões profundas (os fossados) no El Andaluz ou no Gherb,como era conhecido o território peninsular sob o domínio muçulmano. Estasincursões tinham por finalidade desgastar e desmembrar o poderio mourisco naregião limítrofe do antigo condado que agora começava a tomar forma de reino, o“Porto do Graal”.
                Em 1139, uma dessas incursõespenetrou muito fundo no território inimigo, foi ao “coração do reinosarraceno”, como comentariam os cronistas. O exército de Afonso Henriquesafastou-se mais de 100 quilómetros para sul das ainda precárias fronteiras doseu território, talvez na perseguição de algum grupo armado de cavaleirossarracenos. O entardecer do dia 24 de Julho encontrou-o sobre a pequena colinano coração dos “campos de Ourique”. À sua volta e do seu pequeno exércitoacendiam-se as fogueiras de cinco exércitos árabes, comandados pelo emir deSantarém, Ishmar Abu Barnabeh.
                Armadilha? Traição? Ou uma máavaliação de forças? Nunca o saberemos. Mas, enquanto o sol vermelho descia nohorizonte da planície afogueada em calor, Afonso Henriques avaliava a situação,a sensação de desastre eminente a pesar-lhe na alma. A seu lado estava um jovemestratega, com quem Afonso Henriques trocava impressões, buscando uma saídapara a situação desesperada. O seu nome era Gualdim Pais. Não o sabia aindamas, nesse mesmo fim de dia, nesse local, iria ser armado cavaleiro por D.Afonso e, mais tarde, iria estar à frente da mais poderosa ordem de cavalariaao serviço do Graal; iria ser Grão-Mestre da Ordem do Templo em Portugal[1].

                O fumo das fogueiras dosacampamentos sarracenos enchia o ar com o seu cheiro acre, e D. Afonso haviapedido que, no seu campo, nenhum fogo fosse aceso para não dar ao inimigo onúmero dos seus. Andava inquieto no topo da colina, de cá para lá, a espada nabainha a bater na cota de malha das perneiras. Estratégias, estratégias, masnenhuma parecia capaz de evitar o desastre. Então, a magia sagrada do localactuou nele. Armou cavaleiro Gualdim Pais “em Nome de Deus, de S. Miguel e deS. Jorge”, quase num desespero, para que o seu valido não perecesse peão dearmas. Depois, contendo as lágrimas, encaminhou-se para os rochedos que, a sul,entre azinheiras, pareciam formar dois semi-círculos distintos de dedos depedra erguidos para o céu. Cravou a espada no chão à sua frente, formando umacruz, beijou-a devotamente e, de joelhos, orou intensamente frente à cruzimprovisada. Orou à Virgem, à Divina e Eterna Mãe, e ao Mestre Jesus. Pediuauxílio, misericórdia. Para ele e para os seus, para o reino que queriaconstruir e ofertar a Nossa Senhora, para a missão que parecia não ser capaz delevar a cabo.
                Quando os últimos raios do solpoente desapareceram a oeste, pintando as poucas nuvens de um fogo alaranjado,Afonso Henriques pareceu serenar. Levantou-se, pegou na espada e, beijando-a,voltou a metê-la na bainha. Sem cear, dirigiu-se à sua tenda, dando ordensrigorosas ao sentinela para não ser incomodado, excepto por motivo grave.

                Acordou com uma luz branca intensa,e deu por alguém dentro da tenda, ao lado da sua cama improvisada. Era um jovemcavaleiro, de armadura prateada cuja beleza e acabamento nunca havia visto ousequer pensara existir.
                - Como haveis entrado? Que desejais?– Perguntou ao estranho, de modo algo desabrido, entre a fúria e o temor.
                - Apenas venho anunciar aquele quechamastes… - Foi a resposta, em voz calma e cristalina, e depois retirou-se,silencioso.
                Afonso saltou do catre de madeira epalha, pegou na espada e saiu da tenda. O sentinela continuava de pé do lado defora, vigilante, a perscrutar o horizonte sob o céu estrelado.
                - Porque deixaste entrar aquelehomem? – perguntou ele ao sentinela, com fúria mal contida – Quem era ele?
                O soldado olhou para Afonso comolhos espantados.
                - Quem, senhor? Não vi ninguém… eninguém entrou desde que vós o haveis feito…
                Perturbado, Afonso regressa então aointerior da tenda.
                No seu centro estava um homem aindajovem de ar sereno. Como se o esperasse.
                – Outro!? – exclama Afonso – Como éque entrastes, também tu?!
                O visitante, de túnica branca, olhouAfonso com os seus olhos azuis de uma imensa serenidade.
                – Chamaste-me, – respondeu – e euvim…
                Só então Afonso se apercebeu de quemestava à sua frente. Numa emoção profunda, prostrou-se aos pés do visitante,exclamando:
                – Senhor, perdoai-me! Não Vos haviareconhecido!
                Para logo acrescentar, numa quaseaudácia:
                – Mas, porque apareceis a mim, queacredito em Vós, e não apareceis àqueles que me cercam, aos sarracenos infiéis,para que também acreditem?!…
                Jesus olhou para Afonso, muitosério.
                – Aqueles a quem chamas infiéistambém acreditam em Mim, e no Pai, à sua maneira. Estou aqui porque me chamastee me fizeste um pedido…
                E prosseguiu:
                – Faz um estandarte branco, delinho. Sobre ele irás dispor, em cruz, cinco escudos azuis, um por por cada umdos exércitos que te sitiam, um por cada uma das Minhas Chagas. Em cada umdesses escudos irás colocar cinco círculos de prata; se bem contares, uma vezna vertical, outra na horizontal, irás ver neles os trinta dinheiros datraição. E um aviso. Coloca este estandarte à frente dos teus homens,encomenda-te ao Pai e, amanhã de manhã verás a vitória.
                De lágrimas nos olhos, Afonso não sabiao que dizer.
                – Senhor, não tenho palavras, aemoção confunde-me… Farei o que me ordenardes…
                – Eu sou o edificador e dispensadorde Impérios, Afonso… Eu quero em ti e nos teus descendentes estabelecer o meupróprio Império.
                Pousando a mão estigmatizada sobre acabeça de Afonso, com imenso Amor, despediu-se. Ao levantar os olhos, Afonsoviu que estava sozinho.
                Correu ao exterior da tenda, onde osentinela lhe lançou um ar entre o receoso e o interrogativo.
                – Não passou por aqui ninguém,senhor! – disparou, antecipando qualquer pergunta.
                Fora, sob a cúpula imensa estrelada,que começava a empalidecer aos primeiros alvores da aurora, só se ouviam osgrilos e, dos fogos longínquos do inimigo, a voz dolente do Muezzin a chamar os crentes à oração.

                Já o sol ia alto sobre a planíciequando os homens de Afonso Henriques levantaram o estandarte recém-acabado.Haviam trabalhado com afinco durante horas, com materiais improvisados: o panoera de uma túnica de cavaleiro, os escudos haviam sido recortados do revestimentode couro tingido de azul de um escudo cristão, coberto de couro branco com umacruz azul. Os dinheiros de prata, os bezantescomo se diz em heráldica, foram botões de ferro polido que reforçavam uma cotade couro espesso.
                Levantaram-no nessa manhã pelaprimeira vez, no céu azul rutilante dos campos sarracenos de Ourique, no Yesoddo futuro reino do Porto do Graal, mal Afonso Henriques se levantava da oração,que tinha efectuado em silêncio com os seus pares, entre as pedras que pareciammãos erguidas ao céu. Os capelães distribuíam as absolvições e as hóstias pelossoldados. No campo inimigo, o Muezzinjá havia, há algum tempo, também chamado para a segunda oração do dia.
                Nesse momento, de um pequeno maciçode azinheiras elevou-se em revoada um bando de rolas brancas.
                – Bom presságio, – comentou oporta-estandarte – bem precisamos dele…
                E apontou um grande grupo decavaleiros árabes que avançava a galope em direcção à colina de Afonso.
                Agora um, depois outro e mais outro;os grupos de cavaleiros sarracenos sucederam-se no ataque à colina onde ondeavaa bandeira branca das cinco quinas. Como que a sondar as defesas cristãs, asentir o ânimo do inimigo antes de lançarem o grosso do seu exército no ataque.Grupo após grupo de cavaleiros inimigos vinha e era rechaçado. Por fim, numímpeto quase desesperado, lançaram a multidão de peões de Tarik, as hordas deTânger, os cavaleiros de Córdova, estes de túnicas negras e elmos prateados quebrilhavam ao Sol.
                O combate durou horas. As “amazonasinfiéis” de que falam alguns historiadores não eram mais do que as mulheres ecompanheiras dos homens de D. Afonso, mulheres cristãs destras no manejo dasarmas, que combatiam ao lado dos seus pares como leoas. O Corão proibia a arteda guerra às mulheres.

                Por fim, já o calor encharcava aplanície, quando o exército de Afonso Henriques começava a esgotar as forçasfísicas no ardor da luta, metade das suas guerreiras tombadas pelo campo apósdura peleja, os cinco exércitos do emir Ishmar bateram subitamente em retirada.
                Allahu Ackbar! Insha’Allah!Gritavam, ao retirar. “Alá é grande!Que se faça a sua vontade!”

                E, na imensa planície que vibravasob o calor do Sol abrasador, as colunas de pó dos exércitos em retiradaperdiam-se na distância, deixando para trás, na urgência da fuga, muitos dosseus feridos e moribundos. Sobre a colina onde brilhavam as armas do exércitocristão, contra o azul fundo do céu, ondeava, alva e bela, a bandeira com ascinco quinas formando uma cruz.
                Abateu-se sobre a campina um grandesilêncio, apenas cortado pelo gemido de algum ferido, como se todo o Alentejoestivesse suspenso daquele momento mágico. Os homens de Afonso entreolhavam-seespantados, em silêncio, e olhavam a campina onde as nuvens de pó doscavaleiros sarracenos desapareciam na distância, para leste e para sul; malpodiam acreditar. Então, um pássaro começou a cantar; um canto de Verão, decalor, de Sol, de fertilidade. Afonso olhou a bandeira que flutuava no azul docéu. Já vira aquele azul. Algures. Algures nas profundezas da sua memória; etambém na noite anterior – recordou-se num repente –, nos olhos límpidos doMestre Jesus. A sua rude têmpera, levada ao extremo na violência da batalha,cedeu. Afonso caiu de joelhos por terra, frente ao estandarte, chorando convulsivamente.Ourique havia-o sagrado Rei, como ele havia armado cavaleiro Gualdim Pais que,agora a seu lado, olhava pensativo o horizonte. Portugral era reino e a suabandeira ondulava agora ao vento das terras do Gherb.

                Yesod, a sephiroth da Fundação na Árvore da Vida da Cabala hebraica.Manifestação do Espírito Santo na Terra. Por isso, Ourique seja para semprevenerada, como Berço de Portugral, como origem da sua Bandeira, como lugar desagração do seu primeiro Rei. O Sagrado nunca pode ser esquecido, mesmo que assombras pensem que o podem votar ao esquecimento.

                                                                           CarlosPeres Sebastião e Silva

                                                                                       Agostode 1998


    NOTA:Algumas referências, nomeadamente uma dos monges de Cister, datadaprovavelmente do Séc. XVI, referem o aparecimento a D. Afonso, antes dabatalha, de um monge eremita anunciando-lhe quem ele iria encontrar. D. Afonso,de noite, sai do acampamento e encontra Jesus na Cruz, rodeado de anjos. Noentanto, dadas as circunstâncias e o conteúdo de outros relatos, entre eles odo Cronicão Coninbricense, pensa-se que a descrição que refere o eremita sedeva mais a zelo religioso, que procurava colocar sempre a Igreja entre oDivino e os homens, do que ao que realmente aconteceu.



    [1] Na verdde, iria ser o 6ºGrão-Mestre em território de Portugal, se considerarmos que já havia umGrão-Mestre no Condado Portucalense, antes da Fundação do Reino e mesmo antesdo Concílio de Troyes, onde a Ordem seria reconhecida pela Igreja.